"Cinco mil construções irregulares devem ser retiradas do Parque Estadual da Pedra Branca*
Autora: Annelise Fernandez¹
A frase bombástica que dá título a reportagem de 9 minutos no BOM Dia Rio foi aproveitada da entrevista realizada com o "nosso gestor" do Parque da Pedra Branca no fim da reportagem.
Fiquei pensando, será linguagem figurada para a compreensão do problema? Será que ele se refere ao plano de redelimitação do Parque do plano de manejo do Parque? Que irá excluir o Condomínio de classe média alta no Camorim e alguns grupos privilegiados? Ou será mesmo que já existe um planejamento com número estimado de casas, já mapeadas para tal remoção? Será que a mansão exatamente atrás da guarita do Parque em Vargem Grande está na lista? Ali daria uma bela subsede e todos ficariam felizes, já que a propriedade está à venda. Então lembrei que esses itens ainda existem como proposta de estudo a ser feito. Como é possível falar em cinco mil casas?
Faço essas considerações porque li todo o plano de manejo, faço parte do Conselho Consultivo (digo informativo). Em tese, deveria estar muito informada. No entanto, nada me autoriza a afirmar que existe um plano de remoção e muito menos o número de casas previstas para serem retiradas.
Aliás também como membro da Câmara Técnica do Plano de Manejo igualmente não poderia afirmar que o plano de manejo está pronto. Informo que desde que as propostas apresentadas neste documento foram questionadas e reformuladas pelo Conselho Consultivo do PEPB o documento não foi devolvido ao Conselho para aprovação. A ata que ficou de ser elaborada pelo Instituto IPÊ (responsável pela elaboração do plano) da polêmica reunião até hoje não foi devolvida ao Conselho. É bom registrar que todo o processo de elaboração do plano foi levado a cabo sem a oficialização do Conselho Consultivo, após mais de um ano de sua criação.
Cinco mil construções irregulares devem ser retiradas do Parque Estadual da Pedra Branca
Será apenas o discurso que a sociedade gosta de ouvir? Ou está em curso um grande processo arbitrário de desrespeito aos direitos humanos, de negação do acesso à informação, de descumprimento de mecanismos de gestão participativa, que a mídia vem anunciando há muito tempo, fazendo a cama para a destruição do modo de vida de pequenos produtores e outros grupos sociais vuneráveis. Será este o anúncio da destruição de outras hortas como a da Rita na Colônia? Desta vez no PEPB, como preparativo para os eventos da COPA? http://www.youtube.com/watch?v=fjlo5bmHtQg
Parece que os parques aqui representam o debate intelectual sobre a dualidade da sociedade brasileira: a Tijuca, como litoral, como expressão do processo civilizatório e o PEPB que conta a história do sertão carioca. Parece que este precisa ser apagado, exterminado para que o parque criado por cima dele, em 1974 possa existir. Para quem se interessar segue em anexo o posicionamento do Conselho Consultivo do PEPB sobre as propostas do plano de manejo do Parque e os conflitos de permanência humana e outros ali existentes.
Pela defesa do Sertão Carioca como paisagem cultural relevante da cidade do Rio de Janeiro!!!"
Annelise Fernandez é doutora em Sociologia, Pesquisadora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, uma das criadoras do Programa Profito Pedra Branca e Secretária do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Pedra Branca.
* http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/v/cinco-mil-construcoes-irregulares-devem-ser-retiradas-do-parque-estadual-da-pedra-branca/2125390/
Ótimo Annelise. Não vamos ficar calados. Fazemos coro com a sua indignação.
ResponderExcluirMarcio Mattos de Mendonça
Coordenador do programa de Agricultura Urbana da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia